sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Depoimento de José David Lopes


Não estou no activo há uns bons anos, desde que deixei o DN, a minha “casa” de sempre, mas mantive pelo jornalismo e pelo labor de levar aos leitores a mais correcta e fiável informação a mesma paixão de sempre. Muito mudou desde que iniciei a profissão. Não havia um Código Deontológico formal – o primeiro avanço nesse sentido surgiu no CCT de 1973, que criou as Comissões de Redacção e estabeleceu ser vedado aos jornalistas qualquer actividade relacionada com Publicidade –, mas havia regras não escritas que muitos de nós cumpríamos e tentávamos que se cumprissem: o rigor, o respeito pela verdade, o contraditório, entre outras normas que, em 1976, fariam parte do primeiro Código Deontológico dos Jornalistas, aprovado em assembleia geral do SJ.
Aplicam-se todas essas normas hoje em dia? Convenhamos que não. E não por culpa da maioria da classe. Vivemos numa realidade muito diferente. Ao lado do sensacionalismo e das várias “agendas” que passaram a dominar muita informação, assiste-se a uma cada vez maior permeabilidade entre a “notícia” veiculada pelas redes sociais e o seu imediatismo e o trabalho jornalístico nos OCS. E nunca a pressão sobre os jornalistas foi tão grande, favorecida pelo esvaziamento das Redacções de tantos profissionais com mais experiência, apanhados em sucessivas ondas de despedimentos, e acompanhada pela precariedade da profissão.

Cumprir e fazer cumprir o Código Deontológico torna-se, assim, tarefa primordial, mais por via da pedagogia que pela “acusação”, em que o jornalista, sobretudo aquele com menos experiência, se torne bode expiatório do que lhe é imposto. É uma tarefa de todos. E uma reflexão de todos.
Fui jornalista no DN durante 34 anos. Além do gosto pela reportagem, que sempre me acompanhou, fui editor de várias secções, desde a antiga Informação Geral e Agenda e Planeamento à Ciência, passando pelo lançamento da primeira edição “online” do jornal.
Fiz parte da primeira Comissão de Redacção do jornal e, posteriormente, de vários Conselhos de Redacção e de duas listas na Direcção do SJ, a primeira das quais eleita antes do 25 de Abril. Além disso, e ao longo dos anos, fui delegado sindical na Redacção em diversas ocasiões.

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