terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Depoimento de Maria José Garrido


Em 2012, os jornalistas denunciaram aquilo que foi considerado um escândalo nacional. Enfermeiros iam ser contratados a quatro euros à hora para o Serviço Nacional de Saúde.
Ninguém relatou, contudo, que entre os jornalistas que faziam essa notícia também havia quem ganhasse quatro euros à hora ou pouco mais do que isso.
A realidade das condições em que trabalham muitos jornalistas é esquecida, escondida até por muitos dos próprios jornalistas. E é preciso também denunciá-la através de um sindicalismo forte, de um Sindicato forte.
Entre os jornalistas são poucos os que acreditam no sindicalismo, influenciados por um discurso unânime contra os sindicatos que tem dominado o debate mas também pelo medo que impera, cada vez mais, nas redacções onde a ditadura das audiências e dos cliques tem afastado o jornalismo de uma informação cuidada, tratada e rigorosa.
O jornalismo tornou-se num imediatismo noticioso, a um ritmo frenético em que o jornalista é chamado a fazer tudo e mais alguma coisa ao mesmo tempo, em que o jornalista frequentemente é obrigado a trabalhar todos e os mais variados temas, em que o jornalista acaba muitas vezes a cobrir acontecimentos que pouco ou nada contribuem para o direito de informar mas são mais publi-reportagens ou entretenimento ao serviço de poderes escondidos.
O direito dos jornalistas de dizerem NÃO está consagrado em lei, mas em redacções enfraquecidas e muitas vezes desorientadas raramente se verifica.
Um Conselho Deontológico forte e um Conselho Geral mais participativo poderá fazer face às degradadas condições em que os jornalistas trabalham actualmente.

É preciso dizer Não ao estado a que chegámos e só com Unidade e Participação o podemos fazer. É hora!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

Os eleitos pela lista A