sábado, 10 de fevereiro de 2018

Depoimento de Susana Oliveira


O jornalismo está hoje à prova como nunca antes. A internet e o digital encurtaram todos os prazos. É tudo mais rápido. É tudo infinitamente mais complexo.
Os ‘media’ aprenderam da pior maneira como esta revolução na informação se tornou numa faca de dois gumes.
A Internet, as redes sociais e a facilidade e rapidez de divulgação das chamadas ‘fake news’ tornaram mais premente a necessidade de alguém que, como o jornalista, garanta a veracidade da informação. Que cruze fontes. Que seja exigente com a ética e a deontologia.
Tornaram por isso mais notória a necessidade do jornalismo.
O acesso cada vez mais fácil à informação trouxe também novos dilemas éticos aos jornalistas. Para manter ou roubar audiências, as linhas vermelhas são muitas vezes pisadas. E muitas vezes por aqueles que, tendo em conta a sua precariedade laboral, não conseguem resistir à pressão. Há contas a pagar no final do mês. Não que isto desculpe, ou torne menos importante a obrigação maior do jornalista: ser rigoroso, imparcial, cumprir o código deontológico e pugnar para que dele não se desviem os seus pares. Isto só se consegue com um jornalismo verdadeiramente livre.
A internet, logo ali à mão, é cada vez mais uma valiosa ferramenta de pesquisa. E os gigantes tecnológicos que ‘dominam’ o espaço de informação pública não dão prioridade à informação como um bem público, como o jornalismo profissional faz. Com os seus complexos algoritmos, conduzem o negócio com um objetivo simples: encorajar a informação viral que agarre cliques suficientes para atrair publicidade. Não importa se a informação é verdadeira, o que conta é se é provocadora, sensacionalista o suficiente para atrair a atenção do próximo clique. Sempre houve ‘fake news’, mas a sua disseminação não era tão fácil como agora. E as ‘fake news’ só se combatem com factos, fontes e rigor.

É por um jornalismo livre, digno, verdadeiro, respeitável e respeitador que me candidato por esta lista. A Lista A, claro.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Deontologia: 5 – O CD e a cidadania crítica




O compromisso de “apoiar e participar em iniciativas de literacia para os media destinadas a criar públicos exigentes e críticos relativamente à dimensão ética e deontológica da qualidade da informação” é assumido a sério pela lista A – Unidade e Participação.
O Conselho Deontológico não pode fechar-se ao escrutínio cívico do trabalho dos jornalistas e nem sequer à avaliação do desempenho da sua missão de velar pela deontologia profissional e de contribuir para a elevação dos padrões éticos do Jornalismo.
Por isso, o CD deve estar disponível para colaborar em iniciativas de educação para os media, nomeadamente nas escolas, mas também em colectividades, contribuindo para a formação de públicos mais exigentes.
O CD deve ainda incentivar e apoiar activamente a criação e o funcionamento de “clubes de leitura” e outras formas de participação, estimulando os cidadãos a desenvolverem actividades de discussão e crítica sobre os conteúdos dos media.

Explicação de uma candidatura

  
Ao apresentar as candidaturas ao Conselho Deontológico e ao Conselho Geral, no âmbito das eleições de 21 de Fevereiro para os próximos órgãos sociais do Sindicato dos Jornalistas, a Lista A – Unidade e Participação tornou claras as razões essenciais pelas quais se apresenta aos associados.

O CD na primeira linha
Em relação ao Conselho Deontológico, queremos contribuir para a valorização do órgão de auto-regulação mais importante que os jornalistas possuem, devolvendo-lhe o papel central que já teve e é urgente retomar.
O Conselho Deontológico não é “apenas” um órgão do SJ. É uma instituição reconhecida pelos jornalistas em geral, pela sociedade e até pelos tribunais. Deve voltar a estar na primeira linha da defesa do Jornalismo de qualidade e eticamente responsável.
Por isso, entre as tarefas de maior urgência e que exige a mobilização dos jornalistas, está a preservação do Conselho Deontológico. Queremos projectar na classe e no público a importância das suas competências e do seu papel histórico na credibilização do Sindicato dos Jornalistas e do Jornalismo.

Uma voz plural
No que diz respeito ao Conselho Geral, queremos contribuir para a sua dinamização como órgão de expressão plena do pluralismo e da diversidade da classe, como voz colectiva que debate e propõe.
Queremos que seja também o espaço dos que têm opiniões diferentes e que se inquietam, que interpelam. Que aconselham a Direcção e os demais órgãos, mas questionam omissões – por exemplo, sobre a negociação colectiva – e que dão mais força à unidade, quando se trata de defender os direitos dos jornalistas, os postos de trabalho e o trabalho com direitos.
Por isso a Lista A – Unidade e Participação mobilizou para este projecto um conjunto de camaradas com larga experiência sindical, desde os locais de trabalho ao exercício de funções na Direcção e no Conselho Geral.

Prestar contas 
Ao reagrupar, nestas eleições, muitos jornalistas que dedicaram boa parte das suas vidas à causa sindical e que têm participado em conjunto em sucessivas listas, a Lista A – Unidade e Participação representa um espaço de aprofundamento de um projecto sindical que continua válido e que encerra potencialidades que não se deve desperdiçar.
No actual quadro, não se verificaram todas as condições apropriadas que permitissem apresentar aos sócios uma proposta sindical global, traduzida na entrega de uma lista integral, isto é, com candidaturas a todos os órgãos do Sindicato, com capacidade para responder com qualidade em todas as frentes e a todos os desafios. Não apresentamos listas para preencher lugares por preencher, nem para cumprir calendário.
Os candidatos da Lista A – Unidade e Participação assumem um importante conjunto de compromissos e ideias que vão levar à prática nos órgãos para os quais serão eleitos – o Conselho Deontológico e o Conselho Geral – e dos quais prestarão contas aos sócios e aos jornalistas.

Para o Conselho Deontológico e o Conselho Geral, 

vota lista A - Unidade e Participação

Depoimento de Ribeiro Cardoso


O Sindicato dos Jornalistas é a verdadeira casa dos jornalistas – mesmo daqueles que, por razões várias, não estão lá inscritos. Por isso, embora não só por isso, agrada-me ver duas listas a concorrer ao próximo acto eleitoral. É, de algum modo, um sinal de uma certa vitalidade, que, não o escondo, desejava fosse maior.
Dito isto, gosto do nome e do lema da lista A, que integro de corpo inteiro apesar de reformado há vários anos: Unidade e Participação. Esse é o caminho: na sociedade em que vivemos ser jornalista não é, ou não deveria ser, coisa pouca. E sem que ninguém deixe de lutar pelos seus ideais, todos deveríamos estar unidos, participando, na luta pelos direitos essenciais/indispensáveis da nossa classe profissional: liberdade de informar e condições dignas de trabalho. É uma dupla que não pode aceitar o divórcio. Como também não pode viver sem tutelar, de um modo sério e activo, a deontologia da nossa profissão. Jornalistas a sério não se deixarão pôr na ordem…
E já agora deixem-me que sublinhe um facto, que por ele também concorro: é preciso que a equipa que vença estas nossas eleições lute bravamente para que mais jornalistas se sindicalizem. As escolas de jornalismo não ensinam isso…

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Deontologia: 4 – O CD e os futuros jornalistas


A lista A - Unidade e Participação propõe-se contribuir para “proporcionar, participar e estimular iniciativas de reflexão ponderada sobre a ética e a deontologia profissionais, de futuros profissionais, junto de centros, escolas e estabelecimentos de ensino superior”, conforme se compromete no seu Manifesto.
O CD não substitui as instituições de ensino superior, nem o Cenjor – Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas, mas deve estar à disposição das instituições que preparam futuros jornalistas para partilhar as suas experiências e reflexões, proporcionando aos estudantes a aproximação precoce e informada aos problemas do exercício do Jornalismo.
Além de colóquios e seminários em colaboração com as instituições de ensino e com o Cenjor, o CD deverá organizar acções de apoio aos estudantes, de preferência prévias ao período de estágio curricular.
A lista A – Unidade e Participação considera igualmente útil proporcionar aos jornalistas em períodos de estágio (início de carreira) módulos de formação na área da deontologia profissional.

Depoimento de Salomé Pinto


Sou jornalista há mais de dez anos, passei pela imprensa escrita, rádio, televisão e multimédia em vários órgãos de comunicação social, tanto locais/regionais como nacionais. E, neste momento, vou abraçar todas estas plataformas no "Jornal de Negócios" - Grupo Cofina.
Sem pretensiosismos, posso admitir que conheço realidades muito díspares mas todas elas tocam num ponto fulcral: os jornalistas precisam de um sindicato forte e plural que defenda os direitos de todos, com experiência ou no início da profissão, com carteira ou a estagiar, efetivos ou precários.
Só assim poderemos fazer mais e melhor jornalismo, com isenção, profundidade, criatividade e sem amarras de qualquer natureza (interna ou externa).
Por isso, decidi candidatar-me pela Lista A, aquela que para mim melhor representa o futuro do jornalismo e dos jornalistas.

Votai, votai!


Camaradas,

Falta menos de duas semanas para a votação presencial para os órgãos do Sindicato dos Jornalistas, estando ainda a decorrer a votação por correspondência.
Nesta oportunidade, o apelo da lista A - Unidade e Participação tem em vista contribuir para que todos participem, votando.
Tendo em conta os atrasos graves nos CTT, apelamos a quem vota por correspondência, especialmente por viver fora dos grandes centros ou não poder deslocar-se às mesas de voto no dia 21, para que vote com toda a urgência. No dia 21, é importante que todos os boletins contem.

Fazer escolhas
Apelamos também para que ninguém deixe de tomar uma decisão, de fazer uma escolha.
Nestas eleições, é possível  e é necessário eleger um Conselho Deontológico mais atento, dinâmico e interventivo, que não deixe passar em claro as violações ao Código Deontológico e, sobretudo, que promova mais espírito crítico e contribua para elevar os padrões éticos do Jornalismo.
A lista A - Unidade e Participação é a opção nesse sentido.
Nestas eleições, está ao alcance de todos  fazer com que o Conselho Geral - órgão de representação da pluralidade da classe - seja mais activo, que discuta os problemas dos jornalistas e faça valer as suas opiniões, que valorize a experiência e a renovação, que dê voz aos jornalistas e promova o debate.
A lista A - Unidade e Participação é a garantia de que todas e todos contam!

Para o Conselho Deontológico e para o Conselho Geral, vota lista 

A - Unidade e Participação

Depoimento de Ilídia Pinto


Com mais de 25 anos de jornais e quase tantos de sindicalismo activo, confesso que, por vezes, me sinto cansada e tentada a abandonar esta tarefa inglória para as gerações mais novas.
Mas não consigo deixar de acreditar que, se queremos um mundo melhor, temos de o ajudar a construir. 

E a construção de um mundo melhor passa pela defesa da verdade, pela pluralidade de opiniões, pela isenção e pelo rigor, e pela procura diária de informação que ajude a reedificar uma sociedade mais justa, equilibrada e harmoniosa. 
E para tudo isso precisamos de um Sindicato dos Jornalistas forte, com a ajuda e a participação de todos. 
Vota!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Deontologia: 3 – O papel de charneira do Conselho Deontológico



“Promover a reflexão sobre práticas e riscos para a integridade deontológica e estimular a capacidade de atenção ética, designadamente através da realização de estudos, da elaboração de recomendações e da organização de colóquios e debates. O CD deve ter o papel de charneira na defesa e valorização da deontologia.”
Pretendemos levar bem a sério também este compromisso (o 3.º) do manifesto da lista A – Unidade e Participação. Os jornalistas podem contar, não com a intervenção casuística e achegas pontuais sobre problemas deontológicos, mas com um esforço dedicado e constante dos eleitos da lista A.
Há um campo imenso de trabalho pela frente – dos desafios éticos da mediatização da justiça ao que poderíamos chamar “demissão deontológica” dos jornalistas quando nos limitamos a replicar, demitindo-nos da nossa função mediadora, as mensagens de personagens da vida pública nas redes sociais, passando pelas noções de valor-notícia astuciosamente impostas pela lógica mercantil que comanda os media.
A realização de estudos e recomendações é uma das tarefas que nos impomos, desde já. Assim como consideramos possível a realização regular de debates, colóquios e outras iniciativas, estimulando a participação dos jornalistas, não só em Lisboa e Porto, mas também de forma descentralizada. 

Depoimento de Mário Galego


Nunca, como hoje, vi a situação laboral dos jornalistas portugueses tão grave. Basta pensar nos mais de 33% de profissionais que têm uma situação precária. Sendo que cumprem, na grande maioria dos casos, o mesmo trabalho que os profissionais do quadro da mesma empresa. Cumprem, mas sem direitos. 
As relações laborais têm atingido uma tal perversidade que é imperioso combater. É necessário que haja, em cada redacção, estruturas de trabalhadores que lutem e pugnem pelas garantias de trabalho justo e livre. 
Assiste-se hoje, ao definhar dos conselhos de redacção, dos delegados sindicais nas redacções, gente que de uma forma ou ​de ​outra valoriza os direitos ao trabalho. 
Ajudei a formar conselhos de redacção, fui delegado do Sindicato na redacção onde ainda hoje trabalho e dirigente em vários mandatos. 
Por me rever, no que ao longo dos anos fui aprendendo e partilhando com todos os candidatos da Lista A às eleições para o Sindicatos dos Jornalistas, sou um dos que quer trazer ao Conselho Geral mais discussão sobre o jornalismo e os jornalistas. 
Eu alinho com a Lista A.

Depoimento de Luís Miguel Loureiro


Sempre considerei perigosa toda e qualquer forma de banalização. Num mundo em que a imagem domina na sua imediatez (isto é, em tudo o que comporta de dispensa da mediação) estamos cada vez mais transformados em consumidores passivos das múltiplas formas de banalização: da violência, das relações, da ética. 
Aceitei o desafio de integrar a lista A, por isso mesmo, e na exacta forma sob a qual ela se apresenta. Não considero que o projecto da actual direcção do sindicato deva ser interrompido extemporaneamente mas considero fundamental que exista um reforço das instâncias críticas internas, em especial do Conselho Deontológico (onde andou, nestes anos de banalização, a intervenção de autorregulação dos jornalistas portugueses?) e do Conselho Geral. 
Daí que me pareça importante que nos atiremos a este exercício de democracia que é também o exercício mais nobre do jornalismo: dizermos presente para questionar em permanência.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Deontologia: 2 – Conselho Deontológico e conselhos de redacção


No seu manifesto, a lista A – Unidade e Participação compromete-se a “organizar jornadas de reflexão junto das redacções, em particular com os conselhos de redacção – os órgãos de deontologia profissional de primeira instância”.
A lista assume esse compromisso consciente de que “o CD não garantirá a representatividade da realidade se não projectar na sua acção a complexidade das experiências e das mundividências reais”.
Nem a deontologia profissional dos jornalistas é uma abstracção distante da realidade prática das redacções e das orientações editoriais de cada órgão de informação, nem os problemas concretos do exercício da profissão em contextos de trabalho distintos são indiferentes na análise e discussão séria das práticas jornalísticas.
Não é boa ideia tentar impor padrões de conduta. A deontologia é matéria de discussão constante, escutando, propondo, reflectindo, consensualizando. Por isso nos propomos trabalhar com os conselhos de redacção, não só através de jornadas nacionais, mas também de encontros com cada um dos conselhos.

Depoimento de Maria José Garrido


Em 2012, os jornalistas denunciaram aquilo que foi considerado um escândalo nacional. Enfermeiros iam ser contratados a quatro euros à hora para o Serviço Nacional de Saúde.
Ninguém relatou, contudo, que entre os jornalistas que faziam essa notícia também havia quem ganhasse quatro euros à hora ou pouco mais do que isso.
A realidade das condições em que trabalham muitos jornalistas é esquecida, escondida até por muitos dos próprios jornalistas. E é preciso também denunciá-la através de um sindicalismo forte, de um Sindicato forte.
Entre os jornalistas são poucos os que acreditam no sindicalismo, influenciados por um discurso unânime contra os sindicatos que tem dominado o debate mas também pelo medo que impera, cada vez mais, nas redacções onde a ditadura das audiências e dos cliques tem afastado o jornalismo de uma informação cuidada, tratada e rigorosa.
O jornalismo tornou-se num imediatismo noticioso, a um ritmo frenético em que o jornalista é chamado a fazer tudo e mais alguma coisa ao mesmo tempo, em que o jornalista frequentemente é obrigado a trabalhar todos e os mais variados temas, em que o jornalista acaba muitas vezes a cobrir acontecimentos que pouco ou nada contribuem para o direito de informar mas são mais publi-reportagens ou entretenimento ao serviço de poderes escondidos.
O direito dos jornalistas de dizerem NÃO está consagrado em lei, mas em redacções enfraquecidas e muitas vezes desorientadas raramente se verifica.
Um Conselho Deontológico forte e um Conselho Geral mais participativo poderá fazer face às degradadas condições em que os jornalistas trabalham actualmente.

É preciso dizer Não ao estado a que chegámos e só com Unidade e Participação o podemos fazer. É hora!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Deontologia: 1 - Tomar a iniciativa


A escolha dos novos membros do Conselho Deontológico, no âmbito das eleições para os órgãos do Sindicato dos Jornalistas, ocorre num contexto particularmente complexo e exigente.
Ao assumir, como primeiro compromisso, “o dever de tomar iniciativa, não se limitando a aguardar queixas ou pedidos de parecer, quando detecte infracções ao Código Deontológico ou identifique situações de potencial risco”, a lista A – Unidade e Participação está consciente do enorme desafio que que se propõe enfrentar.
Num quadro geral de luta pelas audiências e de frequentes cedências à tentação de transpor fronteiras éticas, sobretudo quando muitos jornalistas lutam pela sua própria sobrevivência, assim como num novo “ambiente” comunicacional que convida a dar livre curso às pulsões do imediatismo, em detrimento da ponderação escrupulosa dos efeitos e das consequências de cada acto profissional, a deontologia profissional é por vezes sacrificada, como se fosse uma inevitabilidade.
É assim que atropelos e desatenções se vão sucedendo, perante a distracção geral e a indiferença. É o segredo de justiça que se viola de forma gratuita, os direitos de personalidade que se cilindra, a devassa da privacidade sem justificação atendível…
Os eleitos da lista A procurarão contribuir para que o Conselho Deontológico esteja mais atento às práticas profissionais quotidianas, ajude a prevenir violações ao Código Deontológico e apoie padrões elevados de exigência.

Depoimento de Fernando Valdez



Aceitei candidatar-me ao Conselho Geral (CG) por considerar que este órgão nacional do Sindicato dos Jornalistas não tem tido o dinamismo necessário desde há alguns anos e por pensar que o CG pode dar um contributo importante para a vida do Sindicato e dos jornalistas portugueses.
Segundo os Estatutos do Sindicato, o Conselho não só deve ser ouvido pela Direcção do SJ e dar parecer sobre as questões de maior relevância para o Sindicato e para os jornalistas, como pode ter a iniciativa de apresentar propostas e sugestões aos restantes órgãos sociais.
O Conselho Geral pode convidar antigos dirigentes sindicais que possam dar um contributo para os temas em debate a participarem nos seus trabalhos, sem direito a voto, o que constitui uma forma de enriquecimento do debate sobre questões centrais da vida sindical.
Num momento em que se multiplicam os despedimentos de profissionais, em que os contratos precários são o dia-a-dia dos jovens jornalistas e de alguns não tão jovens, em que as empresas abusam de falsos estágios curriculares para ilegalmente disporem de mão-de-obra gratuita em vez de contratarem os profissionais necessários, há um largo espaço para a necessária reflexão do Conselho Geral, para as suas propostas e contributos para o Sindicato e a melhoria das condições de trabalho dos jornalistas.
A maioria das empresas desrespeita claramente o disposto na contratação colectiva, os salários e outras condições de trabalho degradam-se, os horários têm hora de início mas raramente de fim, muitas empresas não pagam trabalho extraordinário, mesmo em dia feriado ou de folga.

Por isso, considerei minha obrigação não virar a cara a este desafio e dizer presente.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Depoimento de Anabela Fino


Em meados de Janeiro fui surpreendida por uma notícia muito curiosa: pela primeira vez, em 136 anos da história do jornal, os jornalistas de “Los Angeles Times” votaram para se sindicalizarem no NewsGuild-Communications Workers of America. Motivo? A degradação das condições laborais e o despedimento de trabalhadores. Soa familiar, não soa?
Pois é justamente porque entendo, como sempre entendi, que não devemos esperar pela degradação (ainda maior) das condições de trabalho para reagir, com Unidade e Participação, em defesa do direito ao trabalho e do trabalho com direitos, dos jornalistas e do jornalismo, que me candidato a membro do Conselho Geral pela Lista A.
Aos que todos os dias nos pretendem fazer crer que os sindicatos estão em vias de extinção e que não nos resta outra alternativa a não ser tentar (sobre)viver na lei da selva, respondo com o exemplo do LA Times e com a profunda convicção de que só não ganha quem desiste de lutar.
E esta luta, que a todos nos convoca, não se compadece com operações mediáticas, com o faz de conta de que quem explora e quem é explorado estão do mesmo lado da barricada, com o fatalismo de «não há nada a fazer» que tão bem serve quem vê os trabalhadores – que é o que os jornalistas são – como descartáveis, ou com as práticas dos que fingem ignorar que o «“descompromisso” é o “compromisso” de quem serve a outros amos, que não àqueles para os quais o jornalismo existe», como bem escreveu um camarada jornalista já desaparecido.

A lista A propõe-se ir à luta com Unidade e Participação. Eu alinho.

Os candidatos da lista A - Unidade e Participação


Conselho Deontológico

Efectivos
1.       Alfredo Maia – “Jornal de Notícias”, sócio n.º 1171
2.      Carlos Camponez – Freelance, sócio n.º 1591
3.      Martins Morim – Freelance, sócio n.º 1529
4.      Paulo Paixão – “Expresso”, sócio n.º 1909
5.      Ana Carrilho – Rádio Renascença, sócia n.º 1695

Suplentes
6.      José David Lopes – Reformado, sócio n.º 199
7.      Maria Júlia Fernandes – Reformada, sócia n.º 380
8.      Nicolau Fernandez – TSF/Madeira, sócio n.º 3061


Conselho Geral

Efectivos
1.       Fernando Cascais – Freelance, sócio n.º 268
2.      Fernando Valdez – Freelance, sócio n.º 458
3.      Anabela Fino – “Avante!”, sócia n.º 679
4.      Fernando Correia – “Vértice”, sócio n.º 113
5.      Maria José Garrido – TVI - 2662
6.      Mónica Santos – “O Jogo”, sócia n.º 4158
7.      José António Cerejo – Freelance, sócio n.º 944
8.      Natal Vaz – Reformada, sócia n.º 396
9.      Carlos Veiga Pereira – Reformado, sócio n.º 20
10.   Carlos Lopes Pereira – “Diário do Alentejo”, sócio n.º 4289
11.    Mário Galego – RDP, sócio n.º 2823
12.   Ribeiro Cardoso – Reformado, sócio n.º 258
13.   Ilídia Pinto – “Dinheiro Vivo”, sócia n.º 2716
14.   João Fernando Ramos – RTP, sócio n.º 3718
15.   Ana Goulart – “Seara Nova”, sócia n.º 3647
16.   Vítor Rodrigues – Lusa, sócio n.º2612
17.   Luís Miguel Loureiro – RTP, sócio n.º 6806
18.   Hugo Janeiro – “Avante!”, sócio n.º 6409
19.   Rosária Rato – Lusa, sócia n.º 1863
20.  Valdemar Cruz – “Expresso”, sócio n.º 625
21.   Susana Oliveira – Lusa, sócia n.º 4928

Suplentes
22.  Mónica Peixoto – Rádio SBSR, sócia 3936
23.  Salomé Pinto – Porto Canal, sócia n.º 6954
24.  Nuno Miguel Maia – “Jornal de Notícias”, sócio n.º 5479
25. Carlos Machado – “O Jogo”, sócio n.º 2075

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Depoimento de José David Lopes


Não estou no activo há uns bons anos, desde que deixei o DN, a minha “casa” de sempre, mas mantive pelo jornalismo e pelo labor de levar aos leitores a mais correcta e fiável informação a mesma paixão de sempre. Muito mudou desde que iniciei a profissão. Não havia um Código Deontológico formal – o primeiro avanço nesse sentido surgiu no CCT de 1973, que criou as Comissões de Redacção e estabeleceu ser vedado aos jornalistas qualquer actividade relacionada com Publicidade –, mas havia regras não escritas que muitos de nós cumpríamos e tentávamos que se cumprissem: o rigor, o respeito pela verdade, o contraditório, entre outras normas que, em 1976, fariam parte do primeiro Código Deontológico dos Jornalistas, aprovado em assembleia geral do SJ.
Aplicam-se todas essas normas hoje em dia? Convenhamos que não. E não por culpa da maioria da classe. Vivemos numa realidade muito diferente. Ao lado do sensacionalismo e das várias “agendas” que passaram a dominar muita informação, assiste-se a uma cada vez maior permeabilidade entre a “notícia” veiculada pelas redes sociais e o seu imediatismo e o trabalho jornalístico nos OCS. E nunca a pressão sobre os jornalistas foi tão grande, favorecida pelo esvaziamento das Redacções de tantos profissionais com mais experiência, apanhados em sucessivas ondas de despedimentos, e acompanhada pela precariedade da profissão.

Cumprir e fazer cumprir o Código Deontológico torna-se, assim, tarefa primordial, mais por via da pedagogia que pela “acusação”, em que o jornalista, sobretudo aquele com menos experiência, se torne bode expiatório do que lhe é imposto. É uma tarefa de todos. E uma reflexão de todos.
Fui jornalista no DN durante 34 anos. Além do gosto pela reportagem, que sempre me acompanhou, fui editor de várias secções, desde a antiga Informação Geral e Agenda e Planeamento à Ciência, passando pelo lançamento da primeira edição “online” do jornal.
Fiz parte da primeira Comissão de Redacção do jornal e, posteriormente, de vários Conselhos de Redacção e de duas listas na Direcção do SJ, a primeira das quais eleita antes do 25 de Abril. Além disso, e ao longo dos anos, fui delegado sindical na Redacção em diversas ocasiões.

Um apelo à participação


Todas as eleições são importantes, e até cruciais em certos momentos da vida das organizações.
É o caso da escolha dos associados que vão integrar os órgãos sociais do Sindicato dos Jornalistas nos próximos três anos, em particular o Conselho Deontológico e o Conselho Geral.

Ao apresentar-se perante os jornalistas pedindo-lhe a confiança do seu voto, os candidatos da lista A - Unidade e Participação não oferecem apenas as suas experiências e a sua vontade de intervir e participar de forma mais activa na vida do Sindicato.

No Conselho Deontológico, assumiremos o compromisso de defender e valorizar a deontologia como marca de água do exercício livre e responsável da profissão, em diálogo com os jornalistas e com os conselhos de redacção, mas tendo sempre em conta as condições de trabalho.

Tal como aprovado no IV Congresso dos Jornalistas Portugueses, assumiremos iniciativas de valorização do Conselho Deontológico, especialmente nos locais de trabalho, de reforço das competências dos conselhos de redacção - a primeira linha de defesa da deontologia - e realização de reuniões regulares com os CR.
No Conselho Geral, temos plena consciência de que muito faltou fazer, ao longo de todos estes longos anos, mas é necessário assegurar a efectiva representatividade da classe neste órgão (por isso é eleito por método de Hondt) e valorizar a importância deste órgão como o motor da participação de todos.
No âmbito das competências do CG, lá estaremos a defender os direitos dos jornalistas, a contribuir para combater a precariedade e os baixos salários, a fazer propostas para a negociação colectiva, a ajudar a tornar o Sindicato mais forte.
É por isso que é importante a participação de todos, votando desde já, utilizando os boletins de voto por correspondência, sobretudo quem não tem condições para deslocar-se à sede ou às delegações do Sindicato no dia 21.


Importante: Tendo em conta os atrasos graves nos CTT, é aconselhável o envio dos votos quanto antes!


Vale a pena confiar. 
No dia 21 de Fevereiro – ou através dos votos por correspondência – opta pela Lista A – Unidade e Participação

Depoimento de Fernando Correia


(em jeito de apoio e estímulo à lista A, e de apelo a que votem nela)
1. A situação laboral e profissional dos jornalistas tem vindo a agravar-se cada vez mais. Alguns números: 69% ganham entre 501 e 1500 euros líquidos mensais. 33,4% não têm contrato fixo (precários). 65% dos contratos são até 40 horas semanais, mas a maioria trabalha mais tempo. 3,9% são remunerados pelas horas extraordinárias,10,2% são compensados em tempo de descanso pelo trabalho extra, 63,4% não tem qualquer compensação. 25,8%  prestam serviço para mais de um órgão dentro do mesmo grupo empresarial, sendo que 66,8% não recebe remuneração extra por esse trabalho. 63,6% estão insatisfeitos com os salários, mas 2% estão extremamente satisfeitos. 36,6 % referem o medo de perder o emprego. 77,9%  dizem-se insatisfeitos com a profissão, 11% satisfeitos, mas 1,9% extremamente satisfeitos. 64,2% dos jornalistas já pensaram pelo menos uma vez abandonar a profissão. Um último dado: 25,2% diz ter participação sindical, enquanto 56,5% nunca foi sindicalizado.
(Elementos parcelares de um inquérito realizado no quadro de uma investigação promovida por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa). A amostra foi de quase 1500 jornalistas (validados). Em 9 de janeiro de 2017 existiam 6114 jornalistas com carteira profissional ou equiparados). 
  2. O jornalismo e os jornalistas portugueses atravessa uma fase de profundas transformações, nomeadamente de natureza tecnológica, mas também no seu enquadramento e constrangimentos empresariais e laborais.  com tudo isso o que implica. É necessário: impedir que a pretexto da mudança se percam regras e princípios éticos e profissionais indissociáveis do jornalismo rigoroso e livre, assim como da responsabilidade social do jornalista (desde logo no sector publico, mas também no privado); combater a perversidade profissional que resulta da interiorização como valores jornalísticos  daquilo que são apenas valores comerciais, como a concepção do “bom jornalismo” como  aquele que “vende bem”; reafirmar valores como a solidariedade e a camaradagem, com a ideia clara de que a unidade na acção é imprescindível; reforçar a disponibilidade para a participação em estruturas como os conselhos de redacção, os delegados sindicais, as comissões de trabalhadores, sendo certo que sem organização e sem as organizações, a começar pelo sindicato, nada se consegue; valorizar a ligação às pessoas, apelar e promover a sua intervenção e participação, considerando que os problemas da informação, indissociáves da formação, dizem respeito a toda a sociedade; sublinhar que a fragilização do jornalismo e dos jornalistas significa, inapelavelmente, uma muito grave e perigosa fragilização da democracia.
            3. No exercício do jornalismo, a perspectiva humanista e a consciência cívica nascem e alimentam-se do confronto com as realidades da vida, um confronto naturalmente imposto pela própria natureza da profissão. Daqui resulta, ou deveria resultar, um perfil pessoal, mas também de grupo, estruturado em duas dimensões: a  profissional e a cívica. O jornalista só o é por inteiro se for um cidadão/jornalista, ou se preferirem, um jornalista/cidadão. Assim contribuindo para criar as condições que irão permitindo a transformação no jornalismo e na informação, e simultaneamente também em tudo o que os envolve e condiciona.

Os eleitos pela lista A